DEMOCRACIA NECESSÁRIA uma agenda para a mudança

A estima e a amizade que me ligam a Franco Patrignani são enriquecidas pela formação sociológica comum, pela militância político-sindical e – sobretudo – pela compartilhada experiência brasileira que (além de nos fazer conhecer) tem contribuído de forma decisiva para enriquecer e, quiçá, consolidar nossa visão muitas vezes coincidente do mundo. Por isso, ler “Democracia necessária” foi para mim uma experiência existencial, quase uma reconstituição dos muitos caminhos e considerações que pavimentaram a estrada do meu crescimento pessoal e político.

Um ensaio atualíssimo, muito mais do que um simples “manual” de boa política; um apelo aos “livres e fortes” deste século, a todos aqueles que não se resignam à banalização da política ou – pior – à sua simplificação polarizada e desprovida de altos conteúdos. No centro da reflexão deste livro está o conceito de “mudança”, que se desenvolve a partir dos seus atores principais e das ferramentas necessárias para a sua implementação; uma mudança “necessária”, um imperativo categórico que nenhum de nós deveria recusar.

Segundo Patrignani, “qualquer ser humano movido por um mínimo de atenção às dinâmicas sociais é potencialmente um ator de mudança, sempre que existam espaços para participar de um processo evolutivo das relações entre os seres humanos que povoam seu ambiente”. Frase que expressa bem as duas profundas convicções: a fé na capacidade do ser humano de ser protagonista da mudança e a importância de espaços apropriados e adequados para que os esforços individuais encontrem efetividade e continuidade. A mudança torna-se assim a principal aspiração e, portanto, também o verdadeiro motor da política; e, na “ Democracia necessária”, Política é escrito com “P” maiúsculo e deve ter valores comuns em sua base, ou melhor, “valores compartilhados”: “Do contrário – Patrignani nos lembra – cada ator se sente autorizado a usar todo tipo de histrionismo, qualquer apelação para alcançar os resultados que interessam ao próprio grupo.